As estrias são queixa frequente no consultório, principalmente pelas mulheres, que a cada dia têm se preocupado mais com a estética corporal. Realmente as estrias são mais prevalentes no sexo feminino e estão diretamente relacionadas a períodos de alterações hormonais, como a puberdade, gestação e obesidade. Outras condições como Síndrome de Cushing, Síndrome de Marfan, diabetes, tuberculose e lupus eritematoso têm sido relacionadas com o aparecimento de estrias.

Etiologia

Na puberdade, as alterações hormonais relacionadas a adrenarco, com participação importante do cortisol, podem levar ao aparecimento de estrias. No gestação, os próprios hormônios da gravidez, associados ao estiramento do pele e ao ganho de peso levam a formação de estrias. É interessante ressaltar, que as estrias são mais frequentes nas gestantes adolescentes quando comparadas a mulheres adultas grávidas. Isto talvez ocorra em decorrência da soma de componentes hormonais nas adolescentes grávidas.

Além destas condições fisiológicas, há outros fatores que desencadeiam a formação de estrias, como o ganho de peso, o uso de corticóides sistêmicos e tópicos, e o aumento abrupto de massa muscular, observado em pessoas que se submetem a uma hipertrofia muscular rápida, acompanhada de distensão importante da pele.

Classificação

Vermelhas: são as chamadas estrias recentes. Normalmente, na sua fase inicial, as estrias apresentam-se avermelhadas ou arroxeadas, e vão gradativamente assumindo a coloração branca, podem ser precedidas de prurido no local de aparecimento.

Brancas: são as estrias antigas, que já não apresentam reação inflamatória.

Atróficas: apresentam-se deprimidas em relação a superfície da pele.

Hipertróficas: fazem relevo com relação à superfície da pele.

Localização

Quanto a localização, na puberdade, normalmente acometem a face lateral dos quadris e coxas, e em alguns casos, a região lombar.

Na gestação, geralmente se distribuem no abdome, circundando a cicatriz umbilical, podendo acometer também a região glútea, coxas e flancos, quando a gestação é acompanhada de ganho excessivo de peso.

Observa-se predileção pelo aparecimento de estrias nas áreas de maior acumulo de tecido adiposo, principalmente a gordura característica das formas ginóides.

A obesidade ou o ganho de peso também se associa ao aparecimento de estrias. Alterações hormonais apresentadas nestes estados e a distensão da pele são as responsáveis.

Histologia

A histologia das estrias inclui uma atrofia epidérmica, acompanhada de retificação das papilas dérmicas e alterações dos fibras colágenas e elásticas, as quais diminuem em número e passam a assumir uma orientação paralela com relação a epiderme. As estrias vermelhas ou recentes, são acompanhadas de um processo inflamatório inicial, observando-se elastólise, degranulação de mastócitos e macrófagos ao redor de fibras elásticas fragmentadas. Portanto, tem-se uma reorientação de fibras elásticas e colágenas, redução da fibrilina, condensação das fibras colágenas e fragmentação dos fibras elásticas, não sendo as estrias cicatrizes verdadeiras.

Tratamento

O tratamento das estrias não é simples, uma vez que ainda não existe nenhum método capaz de resolvê-las por completo. Por isso, é muito importante que os pacientes sejam orientados sobre os resultados que podem ser obtidos, uma vez que a expectativa costuma ser a cura.

Tretinoína

A tretinoina tópica pode ser utilizada numa concentração de 0,1 a 1 %, promovendo uma melhora da pele do local e, atenuando a diferença entre as estrias e a pele normal. Deve ser usada por um período de pelo menos 6 meses, associada com hidratantes potentes para controle da irritação.

Sabe-se que a tretinoina melhora a produção de colágeno e fibras elásticas, promovendo certa reorganização nestas fibras.

Peelings Superficiais

Peelings seriados podem ser realizados, com intervalos semanais, sempre respeitando a irritação da pele do local. O peeling não deverá ser feito se a pele estiver muito irritada, podendo então ser quinzenal. Normalmente são feitas 5 a 10 sessões.[/n]

Produtos:[/n]
Tretinoina: 1 a 5%
Solução de Jessner
Ácido glicólico 70%
[p]Os peelings provocam uma esfoliação da pele, determinando a melhora das características da mesma, e suavizando a diferença entre a pele com estrias e a pele normal.

Intradermoterapia

A intradermoterapia constitui um tratamento adjuvante para as estrias. Consegue-se por meio desta técnica, levar os medicamentos desejados até o nível dérmico, fornecendo substrato para a reorganização das alterações observadas nas estrias. Além disso, a própria puntura representa um estimulo para a reestruturação do tecido afetado.

Normalmente utilizam-se 10 a 12 sessões semanais, com diversos medicamentos, e inclusive com alterações de mesclas. Bons resultados tem sido alcançados com a vitamina C, sempre associada com um anestésico (procaína ou mesocaína) para diminuir a ardência. Composições com trissilinol, X-adene, cobre oligosol também podem ser utilizadas isoladamente ou alternadas com a vitamina C.

É sempre bom ressaltar que a intradermoterapia sempre causa certo desconforto para a paciente, sendo que aquelas com pavor de agulhas devem evitar este tratamento.

Dermoabrasão

A dermoabrasão também constitui técnica válida, promovendo estímulo para a reorganização dos tecidos da estria. Deve ser feita muito suavemente, sem provocar sangramento, com lixa de diamante, a intervalos semanais. Geralmente é associada a intradermoterapia.

Laser Luz Pulsada

A utilização de luz pulsada no comprimento de onda de 530 a 570 mm, para tratamento de estrias vermelhas tem mostrado bons resultados. Devido ao processo inflamatório observado nesta fase da estria, os resultados se mostram animadores.

Utilizam-se parâmetros para tratamento de lesões vasculares, cujo alvo e a hemoglobina. As sessões são semanais ou quinzenais, num total de 5 a 10 sessões. E desejável que ocorra eritema no local, entretanto deve-se evitar parâmetros mais intenso que provoquem bolhas.

Subcisão

A subcisão é uma técnica invasiva, realizada com anestesia local. Utiliza-se agulha do tipo Nokor, que é introduzida a nível dérmico. Realizam-se movimentos circulares e de "vai-e-vem", suaves, com intuito de causar hematoma local. O estímulo mecânico do movimento da agulha e a reorganização deste hematoma determinarão uma nova organização do tecido tratado. Esta técnica e especialmente útil para estrias largas e deprimidas.

As pacientes devem ser orientadas sobre as equimoses e hematomas que permanecem por período variável de 20 a 40 dias. Além disso, precisarão ficar afastadas das atividades físicas por pelo menos uma semana e não se expor ao sol enquanto estiverem com hematomas e equimoses.

Fonte: Clínica Denise Steiner