Quando se fala em proteger a pele do sol para diminuir a probabilidade de ter um câncer de pele – cuja incidência é alta no Brasil –, você lembra dos lábios? Se a resposta for "não", saiba que essa região fina e delicada também pode ser acometida pela doença.

"Apesar de a exposição solar ser o principal fator de risco, o tabaco e o álcool também possuem papel importante no desenvolvimento do câncer de lábio", revela a dermatologista Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia.

A tendência, segundo Valéria, é que a doença se manifeste no lábio inferior (que fica mais exposto aos raios solares) de pessoas de pele clara. É que a melanina, pigmento que dá cor à cútis, não está tão presente nesses indivíduos – e ela funciona como uma barreira natural contra o sol.

Mas isso também não quer dizer que donos de peles mais escuras estão completamente blindados contra tumores. "Só estão mais protegidos", define Valéria.

De acordo com a dermatologista Mabe Gouveia, da clínica comandada por Valéria Marcondes, o uso de batom e maquiagem em geral já auxilia na prevenção de câncer de pele. De qualquer maneira, ao passar o protetor solar, não se esqueça dos lábios. "Existem produtos específicos para a região", avisa. É preciso reaplicá-los ao longo do dia, tá?

Sintomas do câncer nos lábios
Pra começo de conversa, alguns sinais podem surgir antes de a doença se instalar de verdade. Há, para ter ideia, um quadro chamado queilite actínica que é capaz de promover esse tipo de tumor. "Ele começa com uma pequena descamação e pode evoluir para feridas que não cicatrizam. Em casos mais graves, o lábio incha e podem aparecer manchas brancas e vermelhas, bolhas e sensação de queimação na área", alerta Valéria. É nesse momento que o risco de câncer aumenta.

Sangramento, dor, lesões e nódulos nos lábios são outros sintomas que merecem uma investigação minuciosa de um especialista. Ele às vezes solicita exames para flagrar um tumor e, se for o caso, traçar a melhor estratégia de combate à doença.

O tratamento
Segundo Valéria, o tratamento varia de acordo com o estágio do câncer, a sua velocidade de progressão, o estado de saúde do paciente… Um tumor pequeno, por exemplo, pode ser retirado com uma cirurgia. Depois, dependendo do grau de acometimento da área, uma segunda operação entra em cena para reconstruir a região.

Em quadros avançados, existe a chance de usar a quimioterapia e a radioterapia para diminuir o tumor antes da cirurgia de retirada. Esses métodos também servem para reduzir o risco de a doença aparecer de novo, em certas situações.

A verdade é que, para garantir o sucesso do tratamento, o melhor caminho é flagrar o câncer o mais depressa possível. "Nessa situação, praticamente 100% dos casos são curados rapidamente e com pouco ou nenhum dano estético", afirma Valéria. Daí a importância de visitar sempre um dermatologista – e adiantar a consulta quando algo suspeito der as caras.


Fonte de texto: saude.abril.com.br